Depois de quase enfartar, perder a voz e esmurrar a parede, o chão, a Tv e o que aparecesse pela frente, recuperei-me, mas não o suficiente para escrever sobre o que aconteceu ontem em São Januário. Por isso, passo a palavra a meu irmão Lionel:
Desde a volta de Adriano ao Brasil, muito se tem comentado acerca do excessivo consumo de bebidas alcoólicas por parte de alguns jogadores de futebol. Mais que isso: até mesmo o uso de álcool pelos torcedores foi motivo para acaloradas discussões, haja vista as idas e vindas da proibição da venda de cerveja em estádios no começo do campeonato baiano desse ano.
Preocupado com tão importante questão, nosso ponderado treinador Ricardo Silva decretou que o Esporte Clube Vitória, neste ano de 2010, só poderá beber chope aguado. Notem que não se trata, como imaginam alguns maledicentes, de uma filosofia covarde ou retranqueira do técnico rubronegro: tal decisão tem por fim apenas a proteção da saúde pública e o bem estar do torcedor.
As evidências estão aí para quem quiser ver: na final do campeonato baiano, o Vitória foi para o intervalo ganhando por 1x0 do ex-rival. Nosso insigne treinador então, preocupado com os milhares de fígados rubronegros presentes no Barradão, determinou que o time sofresse dois gols na segunda etapa – afinal, o jogo foi no domingo e segunda-feira é dia de branco.
O mesmo aconteceu ontem. Depois da conversa do intervalo, o time voltou para o segundo tempo determinado a tomar mais dois gols e assim conter o ímpeto alcoólico do torcedor do Leão. Quem tiver um ouvido mais apurado e prestar atenção nos melhores (melhores?!) momentos da partida, vai ouvir claramente a voz de Ricardo Silva gritando “chuta pra fora, Schwenk!”.
E por pouco o Vitória não toma o quarto gol. Por sorte, El Paredón Viafara lembrou no último instante que gol de goleiro não vale dois, de modo que o jogo tinha que acabar 3x1 mesmo, e fez uma (uma?!) defesa de cinema.
Apesar do nobre intuito do comandante rubronegro, sinto que é meu dever esclarecer que sua cruzada anti-birita não está dando resultado. Se o chope é aguado, a torcida bebe em dobro, até porque só muita cerveja para desacelerar o coração depois de jogos como o de ontem (que meu cardiologista não me ouça). Portanto, é melhor acabar logo com essa história e jogar para pirão o tempo todo – e o torcedor que decida quanto deve beber, cada um tem a cirrose que merece.
Então, Ricardo Silva, agradeço muito sua boa intenção, mas na semi-final com nome de filme chinês – o Leão e o Dragão – peço encarecidamente que você deixe a torcida Vitoriana beber sua cerveja sem maiores sobressaltos. Faz sua parte lá que a gente promete beber com moderação aqui.
Lionel Leal é contra o nepotismo, mas escreve no blog de seu irmão porque é hipócrita declarado e praticante.
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