(imagem: Agência/Getty Images)
Amigos, até a Copa do Mundo não haverá mais jogos da Seleção. Em Londres, vencemos a Irlanda, assim como fizemos com quase todos os adversários nos últimos três anos. Papamos Argentina, Itália, Portugal, papamos todos. O escrete varreu praticamente todas as equipes que cruzaram seu caminho. Apesar do excelente retrospecto, muitos esbravejam, nas esquinas, nos botecos, nos jornais e na internet: "a Seleção não está bem!". Alguns exageram: "não passaremos nem da primeira fase!". Aqui, pergunto: não será todo este negativismo o disfarce de um envergonhado otimismo?
Eis a verdade, amigos: desde a tragédia de 1950, o brasileiro não consegue acreditar em si mesmo. A derrota para os uruguaios ainda dói na carne e na alma de cada cidadão tupiniquim. Depois daquilo, já conquistamos cinco Copas do Mundo, cinco!, e ainda assim nada cura a dor-de-cotovelo do Maracanazo. Parece que os sessenta anos passaram em vão sobre aquela derrota. Outro dia, perguntei ao meu tio, testemunha ocular do silêncio inenarrável daquela multidão. E ele me respondeu, com os olhos molhados: "foi ontem, Paulinho! Parece que foi ontem!".
Não consigo encontrar outra explicação para o pessimismo brasileiro, que não os ecos de dezesseis de julho de cinqüenta. A exibição contra a Irlanda não foi brilhante, mas passa longe de ruim. Robinho esteve magistral, com dois gols, e além dos gols, com dribles entortando os joões irlandeses. Kaká foi o jogador inteligente de sempre, correndo apenas quando era necessário correr. Na defesa, Lúcio e Juan tiveram atuações irretocáveis. Até mesmo quem entrou durante a partida foi bem: Daniel Alves quase fez gol no seu primeiro lance, e Grafite deu passe de cinema para o segundo tento de Robinho.
Mas a atuação brasileira é subestimada. Só se fala em Henry, em Fábregas, em Messi, em Cristiano Ronaldo. Pois eu tenho certeza: poderiam juntar os melhores dos melhores, para enfrentar a Seleção, e mesmo assim Kaká e companhia venceriam. Repito: se fizessem um jogo entre os melhores do resto do mundo e o Brasil, nós venceríamos. Amplio: talvez fosse uma vitória de goleada, um banho completo.
A escalação de Dunga é recheada de volantes? É, sou obrigado a concordar. Se eu fosse o técnico, a convocação seria diferente. Somos 180 milhões: se cada um convocasse seu escrete, provavelmente teríamos 180 milhões de seleções diferentes. Mas é o capitão do tetra que tem a árdua função de escolher os vinte e três. E cabe ao povo brasileiro apenas acreditar na conquista. Vencemos a Copa América, vencemos a Copa das Confederações, e faço aqui o vaticínio: vamos vencer a mais dramática Copa do Mundo de todos os tempos, na África do Sul.
PC
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